Usei este título chamativo para trazer um livro sensacional no que se refere ao sexo no casamento: Sexo no Cativeiro, da terapeuta Esther Perel. Recomendo muito a leitura, especialmente para casais, pois tem verdades que todos nós gostaríamos de saber há muito tempo, verdade que nossos pais já sabiam mas não tiveram (ou se deram) a chance de nos contar. Se é um livro sistêmico? Mega!

Veja as dicas (princípios) abaixo:

  1. Há uma confusão entre casais no caminho da segurança do casamento: o excesso de amor com absorção, o excesso de intimidade. Isso é fatal para o sexo. O erotismo exige uma certa distância, brotando do saudável espaço do “entre”.
  2. Os casais, e mesmo muitos terapeutas, supõem que a melhoria da relação como um todo é bom para o sexo. Isso nem sempre é verdade.
  3. A intimidade moderna com ênfase no discurso (“precisamos conversar sobre isso e aquilo e sobre nós dois na cama”) está correlacionada ao aumento da independência feminina, com tudo de luzes e sombras que isso implicou.
  4. Nem sempre a melhoria do sexo se consegue pela via verbal (seja nas conversas ou famosas DRs dos casais, seja na elaboração verbal da terapia). O corpo carrega verdades que nem sempre a linguagem alcança. São verdade muitas vezes opostas ao senso comum. Especialmente aquelas que envolvem poder, controle, dependência e vulnerabilidade na hora da cama.
  5. O corpo tem e é uma linguagem em si, a língua materna original. Para muitos homens, essa é a única língua que são capazes de usar na intimidade.
  6. O corpo é nossa língua materna (mediador com o mundo) antes mesmo de falarmos nossas primeiras palavras.
  7. O sexo tem parte da sua atração baseada na insegurança. Quando um casal encontra estabilidade e segurança (o que todos buscam naturalmente) aquela excitação decorrente da incerteza perde parte da vivacidade. O erotismo gosta do imprevisível. O amor busca proximidade, o desejo precisa de distância.
  8. O sexo é uma ponte a atravessar, uma ponte que liga dois mundos cheios de belezas a explorar. Se esses mundos se tornam um único sem individualidade e excesso de “metas comuns”, não há ponte a atravessar, novos mundos a penetrar, outro a quem visitar. Quando o dois vira um, a ligação é impossível.
  9. A dialética entre proximidade e distância, dependência e independência, estabilidade e incerteza é inerente ao humano desde a infância e eles podem ser encontrados na dialética de sonhos em que somos largados, caímos ou nos perdemos e em que somos engolidos, atacados ou devorados por monstros.
  10. O excesso de gentileza, afeto e aconchego é seguro, mas não sensual. A amor confortável, tipo “pijama de flanela”, é o anticlímax do sexo. Um pouco (cada um sabe o que é um pouco) de transgressão e agressividade pode ser saudável.
  11. A capacidade de tolerar e suportar a própria individualidade (acompanhada da insegurança que isso traz) é precondição para manter o interesse e o desejo.
  12. É preciso um egoísmo momentâneo para a conexão erótica. Devemos nos tornar conscientes de que levamos para encontros eróticos algo que o dificulta: toda uma vida de censuras ao egoísmo no contexto do sexo e do amor.
  13. Não é uma verdade inquestionável que a revelação irrestrita, os pactos para dizer sempre a verdade sem nada esconder entre o casal, possa promover uma intimidade forte e harmoniosa. Por conta do peso desse acordo é que ocorre exatamente o contrário.
  14. Democracia versus sexo quente: igualitarismo e desejo não jogam sob as mesmas regras. As ideias de dominação, submissão, conquista, subjugação, agressão e entrega podem ser incompatíveis com justiça, parceria e igualdade, que hoje são a base dos casamentos. A ênfase no sexo igualitário e respeitoso é antagônica ao desejo erótico, tanto para homens como para mulheres.
  15. O clímax evolutivo humano, ou seja, o ter filhos, torna difícil de manter a lascívia, ou seja, a sensualidade. Isto porque ambas as necessidade são metabolicamente caras, custosas. O foco na criação dos filhos e atendimento das exigências do dia a dia exaurem a energia necessária para o sexo.
  16. A centralidade da criança que os casais têm vivido nas últimas décadas é, muitas vezes, uma configuração emocional danosa. O problema surge quando se procuram nelas o que não se consegue do parceiro: o sentimento de ser especial, de que importamos, que não estamos sós. Ao transferir as necessidades emocionais adultas para os filhos, nós os sobrecarregamos.
  17. As questões ligadas a sexo que têm um caráter paradoxal ou conflituoso na vida de casais, como a tensão entre segurança e aventura, não é um problema a resolver, mas um paradoxo a administrar. Dá para ter lado do polo em tempos diferentes, mas não ao mesmo tempo.
  18. A sexualidade cheia de tabus (sexo é sujo) e a sexualidade do excesso convergem. Ambos levam à dissociação psicológica do ato físico de sexo em si. A visão de que o sexo é sujo não o elimina, apenas gera culpa e vergonha.
  19. Estatisticamente, é muito provável que a frequência de sexo desejada por cada um dos indivíduos de um casal raramente será igual. Em geral, um vai acabar querendo uma frequência maior. E isso leva ao sofrimento, tanto de quem quer, quanto de quer diz não (ou gostaria de dizer).
  20. O corpo é um local de armazenamento de angústias, frustrações e dor que sofremos, bem como das alegrias, que nossa mente pode ter optado por esquecer.
  21. O erotismo está na imprevisibilidade, na espontaneidade e no risco.
  22. A avaliação moral clássica não é muito eficiente para a avaliação mais profunda das questões de infidelidade. Um posição moral neutra pode ser mais eficiente para explorar de maneira mais livre as situações, menos com foco na ética e mais com foco no significado para o casal. Desta forma, tem-se a possibilidade de rever a situação menos como sintoma de problemas mais profundos do casal. As forças e motivações possíveis nem sempre estão associadas às imperfeições do relacionamento.
  23. Relacionamentos fora do casamento são arriscados, perigosos e instáveis, três combustíveis da excitação.
  24. Muitas vezes, de muitas maneiras complexas e paradoxais, o terceiro ou terceira pode ser um eixo sobre o qual o casal se equilibra (seja ele ou ela real ou imaginária).
  25. O terceiro é a infidelidade, mas quem “ficou em casa” também é, numa relação a três. O ciúme é, às vezes, tripartite. Sem ele, a possessividade, paixão e loucura perdem a força. Talvez por isso poucos casos de infidelidade sobrevivem ao fim do casamento que os inspirou.
  26. Em geral, o papel dos terapeutas deve envolver o desafio ao status quo social. E isso envolve eventualmente desafiar a ideia do casamento monogâmico em uma sociedade promíscua.
  27. A bioquímica da paixão é confirmadamente de vida curta. O coquetel hormonal da paixão – dopamina, norepinefrina e b-feniletilamina – dura no máximo alguns anos. Por outro lado, a oxitocina, o hormônio do carinho, dura mais que todos esses.
  28. A longo prazo, quando se trata de sexo no casamento, é melhor que as pessoas abandonem a ideia da espontaneidade. É muito sedutora, mas numa relação prolongada, tudo o que tinha que acontecer naturalmente já aconteceu. Em determinada altura do relacionamento, o casal deve passar a “fazer acontecer”, ter intencionalidade. A sexualidade passa a ser uma parte reconhecida conscientemente e acolhida com entusiasmo, uma atividade engajada, até mesmo planejada.

49. O segredo é desenvolver conscientemente a inteligência erótica.

Para descobrir mais princípios para sair da crise do sexo no casamento, acesse o livro. Eu recomendo!

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