Olá! Este é um blog para todos, de seres humanos para seres humanos (não brinca!), tratando especialmente da condição do masculino hoje num contexto sistêmico (ou complexo, ou holístico, ou transpessoal).

Vale começar com uma conversa sem delimitação ou conceitos definitivos, mas em permanente construção. O que é ser homem hoje, num mundo sistêmico? O que é ser um homem sistêmico? As respostas são várias, tanto quanto as cabeças que existem hoje e existem em todas as épocas.

Ser um homem sistêmico, E.M.H.O. (em minha humilde opinião, e sempre será assim neste site), é ser um ser humano individual participante no Todo, que busca inteirar-se em sua condição masculina, humana e de ser vivo no planeta Terra. Sua inteiração representa melhor conexão interior e com os outros humanos e seres, resultando em estado de amorosidade.

Vale tratar disso em termos de um paradigma emergente, aqui mencionado pelos seus diferentes nomes: sistêmico, holístico, ecológico, transpessoal ou de ciência da consciência. O paradigma emergente tem características diversas, as quais concentrar-me-ei em dez. Elas tratam de uma mudança de foco para ou primazia em:

  1. Todo: o homem sistêmico tem o centro da sua consciência no todo, ao invés das partes ou do seu ego. Não despreza as partes ou o ego, mas seu centro de referência é o todo. Questiona-se: qual é o todo maior? O que o todo deseja de mim?
  2. Relacionamentos: o homem sistêmico está ciente dos relacionamentos como seu foco de consciência, ao invés de isolar a vida e torná-la seu objeto. 
  3. Circularidade: o homem sistêmico reconhece a circularidade como essência da vida, para além da linearidade da sua visão racional estreita. Reconhece a essência como relacionamentos circulares, a vida como ciclos e espirais evolutivas e o tempo, como em várias tradições sapienciais, circular.
  4. Rede: o homem sistêmico vive em rede e pela rede. Torna relativo o pensar e agir hierárquico e reconhece a interdependência como característica fundamental da vida.
  5. Processo dinâmico: o homem sistêmico está no mundo na perspectiva dinâmica, processual e complexa. Não se apavora com isto, pois seu centro está referenciado e é resiliente. Não necessita tornar o mundo estático, não precisa estruturá-lo rigidamente, pois está consciente da transitoriedade da vida.
  6. Ecologia: o homem sistêmico é um ser ecológico, não apenas no sentido estreito de preservar seu habitat, mas de pensar por meio da metáfora ecológica, como se o mundo fosse um ser vivo e não uma máquina. Abandona o pensamento mecanicista apenas ao estreito espectro onde faz sentido. Equilibra e transcende seus aspectos dialéticos, a ênfase mecanicista versus a ênfase na vida, o masculino e o feminino, a parte e o todo.
  7. Subjetividade e contexto: o homem sistêmico não é ávido pelo hermetismo do conhecimento objetivo, mas sabe adequadamente equilibrar objetividade e subjetividade, verdade e contexto. Reconhece que a verdade não se relaciona apenas a um conceito externo independente do ser, mas que é fundamentado no relacionamento com o ser e seu interior, individual e ao mesmo tempo coletivo, num contexto espaço, tempo e cultura explicitamente esclarecidos e apresentados. Reinsere no seu repertório uma ciência renovada, a filosofia, a espiritualidade, as tradições sapienciais, os valores, a ética, a estética, os valores, a magia e, especialmente, os sentimentos.
  8. Aproximação, utilidade, relatividade: já que a verdade absoluta é um conceito relativo, o homem sistêmico é capaz de conviver com descrições aproximadas e úteis do conhecimento do mundo, reconhecendo que as “verdades” não passam de acordos coletivos mais ou menos aderentes e funcionais. Trabalha por um mundo de acordos inclusivos multiplamente conectados e não monolíticos, isto é, não necessariamente coerentes entre si em sua totalidade.
  9. Qualidade: o movimento que o homem sistêmico provoca em direção à subjetividade, ao contexto e à relatividade é sua resposta à sua busca pela qualidade, e não apenas pela quantidade. Com o resgate da qualidade, resgata-se o relacionamento, o subjetivo, o contexto, o relativo, o aproximado por conta de uma recolocação do centro de gravidade da valoração do mundo: de medidas quantitativas externas para “a correta medida interna”, ou seja, a correta medida do ser inteiro, como acreditavam os antigos gregos e outros povos, fundadores da medicina, da medida, da média e da meditação.
  10. Autonomia e auto-organização: o homem sistêmico lidera a si mesmo e busca domínio pessoal suficiente para reconhecer que o mundo é incerto e incontrolável. Ao abrir mão do controle, uma variedade de novas formas de agir coerentes com o mundo ecológico surge: a capacidade de influenciar ao invés de mandar; a habilidade de cooperar mais que competir; da organização hierárquica para a organização ecológica em rede; o reconhecimento da abundância em contraponto à escassez; a ação não violenta em oposição à violência; o amor em contraponto ao medo.

Espero que isto possa ser útil. Esteja à vontade.

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